Mundo VUCA x Mundo BANI: entenda a diferença e como lidar com eles

Mundo VUCA e BANI

Você talvez já tenha ouvido falar no mundo VUCA, mas agora nós entramos em uma outra fase: a do mundo BANI. Você já ouviu falar? 

Primeiramente, é importante saber que essas definições foram criadas para propor uma compreensão sobre o cenário macro que o mundo está. Você provavelmente notou uma grande virada do nosso modo de encarar o mundo com essas grandes mudanças que enfrentamos nos últimos anos.

Entretanto, quando digo os últimos anos podemos pegar alguns recortes temporais que trouxeram grandes transformações tecnológicas, do modo de viver, das formas de trabalho e como a nossa mente encara e se adapta (ou não) a tudo isso.

Desde a Guerra Fria, revolução da internet, das comunicações até a pandemia, tudo isso influenciou diretamente as nossas relações pessoais, profissionais e com o mundo. Então retornamos ao mundo VUCA e ao mundo BANI, eles conceituam um pouco do que é toda essa rede complexa de mudanças e como estamos dentro deste panorama.

Mas será mesmo que devemos ser reféns dessa atmosfera e dos conceitos de mundo VUCA e BANI? Por que será que o mundo está assim? Para entender isso e como não deixar este cenário impactar a sua empresa, a sua vida profissional e pessoal, continue a leitura!

Compreendendo o conceito VUCA e BANI?

Todos nós sabemos que o dia tem 24 horas, o ano tem 365 dias, mas você notou que essas contagens de tempo parecem estar diminuindo? Ontem era janeiro, agora já estamos em junho e num piscar de olhos já é natal.

Esse é o século XXI. Mudanças cada vez mais rápidas, novas tecnologias a todo momento e inovações cada vez mais instantâneas. E esse é um dos grandes problemas dos profissionais e líderes dos dias atuais: situar-se nesse cenário e nesse fluxo de transformações que estamos vivendo hoje em dia.

Desta forma, os desafios estão ficando cada vez mais complexos, a rotina mais intensa, temos que manter a energia por muito mais tempo em temporadas longas, porque os projetos se somam e não há uma quebra no ritmo. 

A partir dessas mudanças constantes, nós temos que ser cada vez mais capazes de nos adaptar às novidades e ao novo contexto do mundo e isso impacta diretamente na forma com que as empresas e profissionais são gerenciados. Diante disso surgiram os conceitos de VUCA e BANI.

O primeiro: o mundo VUCA

Para compreender o que é BANI primeiro é importante falarmos sobre o mundo VUCA. Esse termo é uma sigla para (Volatile, Uncertain, Complex and Ambiguous — Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo). 

A partir destas quatro palavras, utiliza-se este conceito para explicar e sintetizar as mudanças tecnológicas, culturais e sociais que o mundo vem passando e como isso impacta na forma que vivemos nossa vida.  

O termo VUCA foi descrito pela primeira vez na década de 80 pelos economistas Warren Bennis e Burt Nanus no livro “Líderes: As estratégias para assumir o comando”. Posteriormente, no período pós-Guerra Fria, os militares norte-americanos o adotaram com o objetivo de descrever e compreender o cenários de transformações para que soubessem como agir frente às novas possibilidades de conflito.

O que significa cada palavra

Para além das traduções, cada palavra tem um significado que descreve uma situação vivenciada pela sociedade. Vamos a elas:

V (volatility) = Volatilidade

A letra “V” diz sobre a velocidade que as transformações acontecem em todos os âmbitos da vida, desde a vida na sua residência até as questões mundiais.

Por exemplo, na década de 90, a internet começa a se popularizar no mundo. Não podemos pensar na internet de 30 anos atrás como nos moldes atuais, mas ali começava uma grande mudança nas relações pessoais, profissionais e até mesmo de governo.

Portanto, a internet, com o auxílio da informática, foi uma ferramenta fundamental para a aceleração da mudança de dinâmica, ou seja, quanto mais volátil o mundo se torna, maiores e mais rápidas são as transformações.

U (uncertainty) = Incerteza 

Com certeza você olha para o futuro como uma caixa misteriosa e não consegue prever o que vai sair dali de dentro devido às grandes mudanças e velocidade com que acontecem. A segunda letra deste acrônimo fala exatamente sobre isso.

Desta forma, podemos dizer que somos praticamente incapazes de prever o que está por vir, o que vai ser criado, como vamos trabalhar ou quais são as profissões que vão surgir nos próximos cinco, dez anos.

Sendo assim, definir um padrão a ser seguido ou estabelecer uma ordem é bastante difícil. Quem diria que em dois anos uma parte significativa das empresas funcionariam sem um lugar físico? 

C (complexity)= Complexidade

Todo esse cenário parece bem complexo, correto? Pois é, para o conceito de mundo VUCA, a complexidade apresenta uma realidade onde existem vários lados e variáveis que precisam ser analisados para que uma decisão seja tomada de forma mais assertiva.

Diante disso, ponderar todos os fatores, os previstos e os imprevistos, riscos, acertos e erros é fundamental para que se consiga ter uma visão geral e saber agir diante de uma situação. 

A (ambiguity)= Ambiguidade 

A partir de tantas variáveis e incertezas, temos então situações ambíguas ocorrendo no nosso dia a dia. Ou seja, o volume de informações, fontes e possibilidades pode nos colocar frente à situações que devemos fazer escolhas e muitas vezes arriscadas, o que dificulta a tomada de decisão.

O que é o mundo BANI?

Apesar de muitas pessoas terem tomado conhecimento deste termo no pós-pandemia, na verdade, o antropólogo Jamais Cascio o havia descrito em 2018 durante um evento organizado pelo Institute For The Future (IFTF). Você pode conhecer mais sobre o que Cascio diz sobre o mundo BANI no artigo publicado em 2020, Facing the Age of Chaos

(Enfrentando a Era do Caos).

Mas basicamente, o conceito de mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear and Incomprehensible — Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível) é sobre um próximo passo, o “irmão” do vuca dentro dessa dinâmica de transformações que nos encontramos. 

Não é simples instabilidade, é uma realidade que parece resistir ativamente aos esforços para entender o que diabos está acontecendo.

Jamais Cascio

O que significa cada palavra?

Vamos entender o que está por trás de cada palavra.

B (brittle) = Frágil

Segundo Cascio, “a fragilidade é uma força ilusória.” Quando ele afirma isso, ele diz que no mundo BANI a fragilidade concentra seus esforços para maximizar a eficiência. Em contrapartida, concentra uma falha, um ponto crítico em apenas um ponto.

Por exemplo, as máquinas, tecnologias e sistemas são aparentemente fortes, eficazes e estáveis, mas se tornam inúteis quando surgem uma nova atualização, fazendo com que sejam descartáveis.

A partir disso, dentro do universo corporativo, podemos dizer que essa fragilidade faz com que estejamos sempre tentando prever e antecipar imprevistos, riscos para não cedermos a eles. E como tudo é frágil e se modifica com certa frequência, ficamos em um loop de previsões.

A (anxious) = Ansioso

Então, falando em prever, antecipar, olhar para algo que ainda não aconteceu ou que pode vir acontecer, caímos na segunda palavra deste acrônimo: ansiedade.

Como consequência de uma vida que estamos constantemente buscando não errar, prever as coisas a sensação de ansiedade cresce muito. De acordo com o estudo da MindMiners, a OMS (2019)  afirmou que nos últimos 15 anos houve um aumento expressivo na frequência de transtornos relacionados à ansiedade em todo o mundo e o Brasil ocupa o 1º lugar do ranking.

Além disso, durante a pandemia, os casos de ansiedade aumentaram vertiginosamente. Segundo a OMS, a prevalência de ansiedade e depressão durante a pandemia cresceram 25%.

Essa é uma possível consequência para estruturas e sistemas frágeis, para Cascio “em um mundo ansioso, cada escolha parece ser potencialmente desastrosa.”

N (nonlinear) = Não-linear

Exatamente como o termo diz, não-linear refere-se a algo que tem uma variação de rota, que não apresenta um sentido único. Ou seja, no mundo BANI essa não-linearidade diz respeito a um desequilíbrio de ações ou decisões que foram ou não tomadas dentro de um contexto de incertezas e como isso impacta o todo.

I (incomprehensible) = Incompreensível

A partir do momento que tudo está muito frágil, ficamos tentando prever o futuro e suas consequências e não conseguimos ter certeza das nossas decisões, damo-nos de cara com o incompreensível.

Por que o mundo BANI é incompreensível? Não conseguimos estudar e analisar as coisas como desejamos para tomar uma atitude. Ficamos imersos em muitas informações que muitas vezes não dão conta do que queremos na ansiedade de encontrar uma resposta, até porque muitas vezes não sabemos fazer as perguntas certas para nossos problemas. 

O que gera a atmosfera do mundo VUCA e BANI?

A questão do mundo VUCA e BANI é um contexto que está se apresentando e o mundo está ficando mais tensionado, está surgindo um ambiente mais caótico por essas teorias. Mas a minha abordagem é que grande parte disso vai acontecer por causa de lideranças que querem construir as coisas, ter resultados a todo custo.

Todos os problemas do mundo são causados por líderes. Mas todos os problemas do mundo são resolvidos por líderes.

Então quando você tem uma liderança que só consegue construir resultado na pressão e você dá tecnologia para ela, como o que está acontecendo hoje, elas pressionam ainda mais o ambiente e as pessoas.

Sendo assim, na verdade, o que está acontecendo no mundo VUCA e BANI, no aspecto negativo, é que está evidenciando um estilo de liderança que cria ambientes extremamente tensos, que pressionam os colaboradores.

Sendo assim, quando o mundo BANI fala que o mundo é ansioso, na verdade, ele é ansioso porque tem um grupo de pessoas ansiosas, pressionando, cobrando e criando essa atmosfera caótica que essa teoria traz.

Além disso, o mundo sempre foi não-linear. O mundo sempre foi caótico. O mundo sempre cresceu de forma não racional e com muitos eventos variáveis. Portanto, o mundo caminha para a complexidade na medida em que a nossa sociedade evolui, isso é um movimento orgânico. Nada de novo está se apresentando para nós.

Como um líder evolutivo age no mundo VUCA e BANI?

Na minha perspectiva, temos que nos concentrar nas coisas que podemos fazer e não em controlar a realidade. Não devemos gastar a nossa energia com aquilo que não podemos controlar, temos que investir a nossa energia no que podemos transformar.

Portanto, como líderes, devemos criar um ambiente que seja avesso a ansiedade, ou seja, ao invés de criar doenças psicológicas nas pessoas com um ambiente tenso, um ambiente de nível 1, precisamos virar essa chave.

Sendo assim, temos que criar um ambiente curativo, um ambiente colaborativo, um ambiente que fortaleça as pessoas para conseguir lidar com essa realidade mais adversa e volátil sem adoecer.

Embora eu reconheça que o mundo de uma maneira orgânica está ficando mais complexo e, por um movimento da sociedade, também mais ansioso, acredito que nós não somos reféns dessa afirmação.

Porque hoje as empresas pregam o mundo VUCA e BANI como se fosse uma virtude e não é. Ansiedade é uma doença. Então precisamos parar de abraçar esse conceito como se fosse bonito e algo inescapável, olhar pra ele e falar assim “não, aqui não tem ansiedade, não!”

Devemos desenvolver a inteligência emocional, trabalhar a nossa mente, a dos colaboradores e as empresas para escapar disso, não estimular a prevalência da doença mental, psicológica. 

Portanto, esse posicionamento firme para não ser parte do caos é muito importante. E a liderança que provoca esse caos não vai agregar muito nesse mundo que estamos vivendo. Nós temos que ter lideranças que sejam agregadoras, amáveis, sustentáveis, mais colaborativas, que de fato entendam o seu papel no mundo e que estejam aqui para contribuir de alguma maneira. 

Porque, se não buscarmos lideranças com esse nível de consciência ou não desenvolvermos a liderança para esse fim, o mundo vai ter uma outra versão de mundo BANI que vai ser mais complexa e literalmente louca.

Por fim, não temos que festejar o mundo BANI, nós temos que, pelo contrário, neutralizar essa situação, ter ações contrárias a esse fluxo que se apresenta para a gente e buscar cada vez mais lideranças com valores como o amor.

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MICHAEL OLIVEIRA

Michael é Líder e Fundador do Instituto Brasileiro de Liderança. Atua em posições estratégicas há 20 anos, é especialista em gestão de negócios e já liderou equipes e empresas nas principais capitais do Brasil, em posições de C-Level.

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